Quando recebi o convite da Lejour + Fast Shop para assumir a curadoria de conteúdos aqui do caseme, um filme passou pela cabeça. Afinal, foram mais de 10 anos à frente do meu blog de casamento, conversando com noivos, todos os dias, e conhecendo fornecedores maravilhosos, que eu tinha alegria em entrevistar, para consolidar assim uma visão muito fresca e atual do crescimento do nosso mercado. Hoje, estreio este espaço com a proposta de começar de fato pelo início e propor uma reflexão aos noivos e profissionais de eventos sobre a real função de um ritual de casamento em nossa sociedade, vamos lá? Vou adorar receber comentários e feedbacks! Vamos juntos, construir um espaço múltiplo, antenado e integrativo, que seja de fato uma fonte de inspiracão e um radar do nosso mercado.
Altar não é palco, pelo resgate da ritualização nas cerimônias de casamento
Em 2011, numa época pré-redes sociais, em que os casamentos eram muito parecidos entre si. nascia o projeto Colher de Chá Noivas, na defesa por celebrações com alma e por fornecedores que criassem cerimônias e festas sob medida. com as memórias afetivas do casal homenageadas em cada detalhe. No mundo, o casamento por amor era chancelado por Kate Middleton, que conseguiu incluir muito do seu toque pessoal em um casamento monárquico.
em nosso guia de fornecedores, o critério principal sempre foi perceber se o fornecedor seria capaz de ouvir o casal. e traduzir em serviço / produto a linguagem daquele amor. O Wedding Lab sempre traz temas – Jane Austen, Leopoldina, Mary Poppins, Victoria, Bríde… –, que funcionam como um desafio criativo para revelar a habilidade de cada expositor em contar histórias com sensibilidade, em entregar algo único, E não repetir fórmulas prontas.
No entanto, isso nunca significou incentivar que cerimônia se transformasse em um espetáculo de entretenimento. Uma cerimônia merece ser investida de entrega, presença e plena atenção para cumprir sua função de “religar”. Se você sobrecarrega sua cerimônia com muitos estímulos visuais e sonoros dignos de um show, isso atrapalha o foco necessário para que a conexão aconteça de fato.
Uma cerimônia com alma precisa de linguagem, de símbolos e palavras — sejam elas litúrgicas, civis ou mesmo as inventadas pelo amor. Pois são estes códigos, muitas vezes ancestrais, ditos com intenção, que acessam o inconsciente coletivo e evocam a metamorfose do self: rompem antigos padrões da psiqué e fazem nascer o novo. O altar pede que namorados se transformem em esposas ou maridos, conscientes deste amadurecimento na relação.
A leitura do livro “O desaparecimento dos rituais”, de Byung-Chul Han, me fez despertar ainda para uma função social dos ritos. Num mundo cada vez mais acelerado, individualista e virtual, a ausência de rituais esvazia o senso de pertencimento de um povo, e pode gerar individualismo exacerbado, ansiedade e até mesmo depressão. Jung defendia que reencontrar esse elo — através da arte, da espiritualidade, da natureza e dos rituais — é essencial para a saúde psíquica da sociedade.
E, neste contexto, percebo o cerimonialista de casamento não apenas como um gestor de eventos, mas um guardião dos rituais, um tecelão de sonhos, o ponto de equilíbrio entre tradições, tendências e estilos.
o CERIMONIALISTA verdadeiro é um fio de esperança por um mundo melhor, que se orgulha em celebrar a vida, em amadurecer e ritualizar cada novo plot point na biografia, movido por uma elegância afetuosa e integrativa, em nome deste bem maior, chamado amor.