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Costurar é criar em parceria – homenagem de Carlos Tufvesson às costureiras

Hoje, 25 de maio, é dia da costureira. Isso quer dizer que é dia de homenagear aquelas que estão por trás de todo belo vestido e toda assinatura de um grande designer. Um trabalho majoritariamente feito por mulheres merece um texto lindo de imensa admiração, como o que Carlos Tufvesson escreveu para o CaseMe. Estas mulheres têm vidas e vencem batalhas, criam, constroem, pensam e, em conjunto, estruturam a moda.
 
“Costurar é criar em parceria”.
À todas as costureiras, desde aquelas que costuram no cantinho do quarto, até as que trabalham em grandes confecções, fica aqui a nossa sincera homenagem. Para embalar de uma forma única, pedimos ao Tufveson para nos dar um “inside look” do mundo da moda em um relato emocionante e apaixonado. Confira abaixo!

 

Sou filho de estilista. Minha infância foi entre tecidos, croquis, manequins, linhas e agulhas. Cresci cercado de mulheres incríveis, que todos os dias transformavam ideias, desenhos e formas em roupas

 

“Podemos chama-las de ‘alquimistas’. 

Porém, não é mágica.”

 

Sem costureira não existe moda. Elas dão vida a pedaços de pano lineares e traduzem em “vestimenta” uma abstração. Podemos chama-las de “alquimistas”. Porém, não é mágica. Mas sim técnica, atenção aos detalhes, dedicação e amor pelo trabalho. São artesãs de traços finos e delicados

 

“O [trabalho de costura] é o segmento da economia 

que mais emprega mulheres.”

 

trabalho de costura muitas vezes é passado de mãe para filha, de avó para neta. Falo no feminino mesmo, sem medo, pois este é o segmento da economia que mais emprega mulheres. Nas confecções, sejam elas grandes, médias ou industriais, elas são maioria. Só na cidade do Rio de Janeiro, são mais de 4 mil empresas gerando trabalho para essa valiosa mão de obra

 

” Somos companheiros na difícil arte de embelezar o corpo.”

 

Costurar é criar em parceria. Nos meus desfiles, sempre fiz questão de ter na plateia as costureiras e suas famílias, que entravam na sala antes de todos. Afinal, aquelas peças apresentadas não eram apenas minhas mas sim nossas. Somos companheiros na difícil arte de embelezar o corpo. Cobri-lo com cores e formas é dar ao corpo auto-estima, prazer. E como fazer isso, sem uma equipe de costura disposta a sofrer e vibrar com você? A virar noites, a ver uma ideia boa dar errado e uma errada dar muito certo? E, muitas vezes, achar soluções juntos para encontrar a “alma” da roupa.

 

“No centro disso tudo, estão as costureiras.

 

Quando falamos de indústria de moda, temos que pensar nessa enorme cadeia de profissionais que fazem o “mundo fashion”girar. Do papel ao tecido, é muita gente trabalhando, suando, ultrapassando todos os dias  inúmeras barreiras. No centro disso tudo, estão as costureiras. Que trabalham em casa, nas confecções, em uma pequena sala com duas ou três amigas. De uma simples bainha ao mais complexo vestido de noiva, não há como pensar moda sem aquela figura que, apenas com um olhardetalha uma roupa por completo.

É um privilégio ter podido acompanhar esse trabalho em todos os seus detalhesnos meus primeiros anos e trago essa experiência em cada vestido que desenho. Tive o privilegio de aprender meu ofício com profissionais que criaram o que hoje chamamos de moda brasileira. Aprendi muito com as costureiras do ateliê da minha mãe e, anos depois, no meu. Minha admiração sempre foi a mesma e acredito profundamente que esta é uma parte da economia que poderia ajudar muitas famílias, se bem cuidada por quem nos administra. 

Hoje, muitas famílias são sustentadas por mulheres. Mães solteiras ou separadas que todos os dias têm que bancar a moradia, a educação, o lazer e outras necessidades de seus filhos(as), netos(as), sobrinhos(as), irmãos. Para elas, a costurapode ser um caminhopara uma vida melhor por meio de uma profissão com alto potencial econômico.

 

” A moda traduz comportamentos e valores, 

alem de dar vida a nossa identidade cultural.

 

As necessidades existem e temos que olhar com carinho para a capacitação dessas pessoas, que futuramente podem dar vida a coleções de jovens talentos da moda. Não se relega a segundo plano uma chance de crescer. A moda traduz comportamentos e valores, alem de dar vida a nossa identidade cultural. E o Rio faz isso com maestria e vocação própria! Em uma sociedade tão rica e diversa como a nossa, o que a moda seria capaz de fazer?

Muito! Eu amo a moda, acredito na sua beleza e na sua capacidade de transformar vidas, seja produzindo ou vestindo. Sou estilista por profissão e paixão e valorizo cada profissional que, junto comigo, realiza uma obra tão bela quanto uma roupa. À todas as costureiras, meu mais profundo agradecimento.

 
 
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