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Casamento inter-religioso, por Beth Kós

A cerimonialista Beth Kós possui uma vasta experiência no mercado de casamentos e já realizou muitas cerimônias inter-religiosas. Há mais de 30 anos na área de eventos, Beth Kós trabalha atualmente na Rosa Eventos, sua empresa de eventos com a sócia Joanna Niskier

Na coluna deste mês, a cerimonialista fala sobre um elemento importantíssimo quando se trata da união entre duas religiões: o respeito. Seu relato sensível sobre casamento inter-religioso você lê a seguir:    

Uma coisa que sempre me chama a atenção quando convivo com os noivos é o respeito. Ser mais ou menos carinhoso, mais ou menos participativo, tudo bem! Mas quanto ao respeito, não tem mais ou menos

E um momento que a gente percebe isso com mais nitidez é quando existem diferenças. Diferenças de origem, de educação, de nível econômico, de religião… e é lindo quando você percebe o cuidado que um tem com o outro para não magoar, se sentir aceito, incluir a família, manter suas origens e crenças respeitando as origens e crenças do outro.

Das dezenas de casamentos entre noivos de religiões diferentes, que era chamado de “casamento misto”,  muitos foram verdadeiras declarações de amor. Já fizemos entre católico e budista, evangélico e ateu, protestante e judeu, hindu e católico, judeu e cristão…  são sempre cerimônias únicas, pois são verdadeiros retratos dos noivos.

Normalmente quem celebra estas cerimônias é um Juiz de Paz, que faz toda a parte civil. Muitas vezes ele mesmo orienta e explica os diversos momentos onde há o simbolismo de uma ou outra religião. Outras vezes, os noivos escolhem pessoas importantes para representar cada família e, naturalmente, cada religião. Nas suas falas, abençoam os noivos e orientam aqueles momentos especiais. Pais, irmãos, amigos, às vezes até um representante oficial de cada religião, podem ser chamados para participar trazendo mais emoção ao casamento.

A maioria das cerimônias inter religiosas que fizemos foi de noivos que professavam o catolicismo e o judaísmo, talvez pelo fato de tanto a Rosa quanto eu sermos judias, o que facilita  entender os costumes e ritos das duas religiões.

Uma característica das cerimônias judaicas é o simbolismo. Tudo tem significado: desde a Chupá (lê-se hupa), a tenda com teto e aberta para todos os lados, que traz o céu de Israel e a futura casa dos noivos sem paredes, sem limites, recebendo a todos… as 7 voltas da noiva em torno do noivo, recebendo 7 bençãos… o documento de casamento, escrito em aramaico, a língua mais antiga … a aliança colocada no dedo indicador da mão direita, que, acreditava-se, tinha ligação direta com o coração… a quebra pelo noivo do copo ao final da cerimônia, que tem vários significados, entre eles lembrar da distribuição do Grande Templo, pois mesmo no momento mais feliz da vida não podemos deixar de lembrar que a tristeza existe, ou estilhaçar o passado dos noivos  que agora, juntos, começam uma nova vida…e todos falam MAZEL TOV, boa sorte!!!

Todos estes momentos podem ser vividos numa cerimônia inter religiosa, são bênçãos, são símbolos de uma nova etapa, são desejos de felicidade e sorte.

Mas, o que vale mesmo, como sempre, é o bom senso e o respeito ao outro: escolher os momentos simbólicos importantes trazendo às duas famílias situações que não constranjam os mais religiosos e fazer desse momento um momento único, de amor e união dos diferentes para, no final, poder dizer MAZEL TOV!!!

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